07/08/2022
Embora seja uma potência agrícola e líder nacional na produção de grãos e carne, Mato Grosso é insuficiente na produção de hortaliças e frutas.
O problema esbarra na falta de informação e de tecnologias apropriadas para as condições locais. Para a citricultura, a falta de porta-enxertos resistentes à doença fúngica gomose era um limitante.
Mas, essa realidade começa a mudar com uma pesquisa coordenada pela Embrapa, em parceria com o Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), a Empresa Mato-Grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer) e a Prefeitura de Guarantã do Norte.
A primeira fruta a ter resultados mais consistentes é a lima ácida taiti conhecida pelos consumidores como limão-taiti.
Dois experimentos realizados em Sorriso (MT) e Guarantã do Norte (MT) confirmaram que as características da copa são determinadas pelo porta-enxerto, porém, os frutos não sofreram influência.
Os ensaios geraram informações relevantes sobre porta-enxertos que proporcionam maior vigor vegetativo e volume de copa. Já a avaliação dos frutos mostrou que eles possuem as características desejadas pela indústria e pelo mercado internacional, possibilitando não só o atendimento ao mercado local, como também a exportação.
Os experimentos foram instalados em 2016, nos campi do IFMT nos dois municípios: em Sorriso, no bioma Cerrado, e em Guarantã do Norte, no bioma Amazônia.
As avaliações são feitas a cada seis meses, quando são mensurados a altura da planta, o diâmetro de tronco do porta-enxerto, o diâmetro do tronco do enxerto, a relação de incompatibilidade entre porta-enxerto e enxerto, o diâmetro e volume de copa e o índice de vigor vegetativo. A expectativa é que as medições continuem até que as plantas completem dez anos.
Para garantir que os frutos produzidos atinjam os parâmetros de qualidade de interesse para o mercado, a pesquisa avaliou as limas ácidas taiti produzidas nos dois experimentos. A partir do quarto ano de plantio, quando começou a produção, foram levantadas informações sobre comprimento, diâmetro e massa dos frutos; rendimento de suco, teor de sólidos solúveis totais, acidez total titulável e vitamina C.
No caso dos citros, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o estado produz apenas cinco mil toneladas, em aproximadamente 700 hectares (ha). Dessa área, apenas 341 ha são cultivados com limões e limas-ácidas. A produção não é suficiente para atender ao mercado interno, sendo necessário importar de outros estados brasileiros.
Um dos entraves para a produção de citros é a ausência de porta-enxertos adaptados às condições de clima e solo do estado. O limoeiro cravo, porta-enxerto usado em cerca de 80% dos pomares comerciais, é altamente suscetível à infecção e à disseminação do fungo causador da gomose dos citros, apesar de ser tolerante à seca, desenvolver-se bem em solos arenosos, apresentar tolerância à tristeza dos citros, induzir à precocidade e à alta produtividade e gerar frutos de qualidade.
A produção atual é toda absorvida pelo mercado local, porém, insuficiente para suprir a demanda de cidades emergentes como Sinop, Sorriso, Lucas do Rio Verde, Nova Mutum e outras regiões do estado. A viabilização de novas rotas de escoamento da produção permite até mesmo se pensar em exportação. Porém, para a exportação e atendimento a mercados maiores, será necessária a reunião de pequenos produtores em cooperativas, de forma a organizar a oferta, mantendo a regularidade de fornecimento demandado pelo mercado.
Fonte: Canal Rural