29/10/2025
Um adesivo que prolonga significativamente a vida útil de produtos frescos promete ser um divisor de águas na luta contra o desperdício de alimentos. A startup americana Ryp Labs desenvolveu o StixFresh, um adesivo que retarda o processo natural de deterioração das frutas, normalmente acelerado por mudanças de temperatura e umidade.
A empresa afirma que sua tecnologia tem o potencial de estender a vida útil dos produtos em até 40-100%, dependendo do produto. “O desperdício de alimentos é um problema social, econômico e ambiental”, disse Moody Soliman, CEO da Ryp Labs, à Fruitnet durante a recente Global Produce & Floral Show (GPFS) em Anaheim, Califórnia. “Então, concluímos que, para causar um impacto real, precisávamos de uma solução fácil de usar, disponível e que pudesse ser aplicada em qualquer ponto da cadeia de suprimentos.”
A empresa sediada em Seattle – que possui um laboratório de P&D em Portugal e um escritório na Bélgica – desenvolveu uma fórmula que pode ser aplicada em praticamente qualquer superfície, inclusive em adesivos. Esse adesivo é aplicado em uma fruta individual ou em uma embalagem de frutas, liberando então bioativos que inibem o crescimento de fungos.
Como funciona?
Os fisiologistas vegetais e microbiologistas da Ryp Labs trabalham para identificar os compostos específicos que irão combater as doenças que afetam determinadas frutas. Seus engenheiros químicos e cientistas de materiais desenvolvem então uma fórmula para controlar a taxa de liberação dos compostos que podem ser adicionados a um adesivo.
“Basicamente, o que fizemos foi aproveitar a forma como as plantas se protegem há milhões de anos para prolongar a vida útil dos produtos frescos”, explicou Soliman. Com frutas pequenas, como uvas, não é necessário colocar um adesivo em cada fruta – um único adesivo na parte interna da embalagem tipo concha é suficiente, disse ele. Até o momento, a Ryp Labs criou soluções para frutas vermelhas e frutas exóticas, como mangas e pitayas, mas Soliman afirma que, eventualmente, a tecnologia poderá ser aplicada a todos os produtos frescos e flores.
Em busca de novos clientes
A Ryp Labs foi fundada há oito anos e passou os primeiros cinco anos na fase de P&D, antes de dedicar mais dois anos à realização de testes de campo. Este é o primeiro ano comercial completo da empresa. A tecnologia já foi adotada precocemente na América do Sul e Central, bem como no sudeste asiático, e o primeiro cliente da empresa foi o Walmart, na Costa Rica, para morangos. O motivo pelo qual se mostrou particularmente popular nessas regiões é que esses países enviam produtos perecíveis de alto valor por longas distâncias para clientes no Reino Unido, nos Estados Unidos e no Japão, explicou Soliman.
Sem problemas regulatórios
Soliman – um engenheiro que iniciou sua carreira em dispositivos médicos – afirmou que o StixFresh já está pronto para ser vendido em todo o mundo: “Vindo da indústria de dispositivos médicos, uma das primeiras coisas que aprendemos é que, se você vai desenvolver uma tecnologia, não a desenvolve primeiro e depois pensa no processo regulatório, porque isso pode ser um pesadelo”, explicou Soliman. “Você pode desenvolver a tecnologia mais incrível e descobrir que levará seis anos e US$ 50 milhões para obter a aprovação regulatória. Portanto, é preciso analisar a estratégia regulatória antecipadamente, e foi exatamente isso que fizemos com essa tecnologia. Descobrimos que, para entrar no mercado o mais rápido e facilmente possível, trabalharíamos apenas com produtos de grau alimentício e pré-aprovados.”
“Portanto, tudo o que usamos nos adesivos hoje em dia já foi pré-aprovado como embalagem de alimentos, embalagem ativa de alimentos, aditivo alimentar ou aromatizante alimentar. Nossos compostos são compostos que você encontra em sua comida todos os dias. Nossos adesivos são comestíveis – não recomendamos que você os coma, mas se o fizer, estará perfeitamente seguro.” “Isso nos permitiu entrar nos mercados praticamente sem obstáculos regulatórios – é o caso nos EUA e na Europa, e, claro, na América do Sul e Central, geralmente é um caminho muito direto. Portanto, não precisamos de aprovação prévia ao mercado e nem necessariamente de certificação, porque tudo o que usamos já está presente no sistema alimentar.”
A Ryp Labs busca agora captar recursos adicionais, divulgar sua tecnologia e ampliar sua base de clientes, com o objetivo de atingir a lucratividade até 2029.
Fonte: https://www.fruitnet.com/fresh-produce-journal/game-changing