Clipping de noticias do Brasil e do Mundo do setor de flores, frutas, legumes e verduras.

Clipping de noticias nacionais e internacionais do setor de flores, frutas, legumes e verduras.

A inteligência artificial já está revolucionando a agricultura em todo o mundo

25/09/2025

O agrônomo e especialista em Inteligência Artificial (IA) Dr. José Emilio Guerrero surpreendeu a grande participação no seminário internacional Transformando a Agricultura com IA: Histórias de Sucesso no Chile, América Latina e Europa ao afirmar que a IA representa uma mudança de paradigma que está transformando tudo, inclusive a agricultura.

O engenheiro agrônomo espanhol José Emilio Guerrero Ginel é um especialista internacional em digitalização e inovação agrícola e é amplamente consultado sobre o impacto da IA ​​na agricultura e os desafios que ela representa para países como o nosso.

Durante sua visita ao Chile, ele elogiou particularmente o papel da FIA como agência de inovação do Ministério da Agricultura, destacando-a como um impulsionador fundamental para o setor. Portanto, disse ele, não é surpresa que a FIA tenha organizado o primeiro seminário sobre IA na agricultura, com foco no apoio a pequenos produtores.

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL: DIFERENTES ABORDAGENS E APLICAÇÕES

José Emilio Guerrero Ginel, especialista em IA aplicada à agronomia, possui uma vasta experiência de mais de 50 anos em inovação agrícola, tanto em pesquisa quanto em cargos de gestão pública, incluindo 17 anos como Secretário Geral de Agricultura e Pecuária do Governo Regional da Andaluzia.

Atualmente, ele é professor na Universidade de Córdoba e está envolvido nas mudanças que a IA está impulsionando na agricultura, não apenas na Espanha, mas também em vários países da Europa e da América Latina, incluindo o Chile — que ele visita pela primeira vez — e que, em sua opinião, é um dos mais avançados. Desta vez, ele veio ao nosso país para participar do seminário internacional “Transformando a Agricultura com IA: Histórias de Sucesso do Chile, América Latina e Europa”, onde proferiu sua palestra principal sobre as tendências da IA ​​na agricultura.

Você escreveu muito sobre inteligência artificial na agricultura e, com base na sua experiência, quais são os principais ramos ou abordagens da IA ​​que estão impactando a agricultura hoje?

Primeiro, podemos distinguir entre aprendizado de máquina e aprendizado profundo, que se baseiam em redes neurais convolucionais (CNNs), redes adversariais e assim por diante. Estas têm sido muito úteis em pesquisas para identificar padrões complexos e relações de causa e efeito. Por exemplo, se quisermos saber como o tipo de solo afeta o escoamento da água, uma rede neural pode analisar todos os dados e identificar quais fatores têm maior influência.

Nos últimos anos, assistimos a enormes avanços na inteligência artificial generativa, capaz de criar texto, imagens e até mesmo áudio e vídeo. Que aplicações específicas essa tecnologia poderia ter na agricultura?

Houve um enorme desenvolvimento global nas linguagens e algoritmos que permitem isso. A mais conhecida é a GPT, mas também existem Gemini, Claude, Mistral e Kim, todas treinadas com milhões de pontos de dados que lhes permitem entender o contexto, ouvir, falar e responder em linguagem natural.

Hoje, além disso, estão surgindo os chamados agentes: eles não apenas respondem a perguntas, eles realmente fazem coisas. Por exemplo, “Leia todos os seus e-mails deste semestre, classifique-os e organize-os”. E, mais recentemente, estão sendo desenvolvidos padrões de automação de processos que permitem a incorporação em massa de agentes inteligentes.

SETORES PIONEIROS E O CASO DA AGRICULTURA

A IA está presente em quase todos os setores da sociedade — os mais avançados são o automotivo, a logística, o bancário e a saúde — e até mesmo na agricultura, onde melhora a irrigação, a seleção de variedades, o controle de pragas e muito mais. Como os pequenos e médios agricultores lidam com o acesso a essas tecnologias?

O problema é que grandes empresas já contam com implementações significativas, enquanto pequenos e médios produtores ainda não têm acesso a essa tecnologia na mesma medida. Este é um dos pontos mais preocupantes, pois as tecnologias sempre criam lacunas. Mas estamos perto de conseguir desenvolver ferramentas que possam ser utilizadas por todos os níveis, pois são cada vez mais fáceis de usar, exigem pequenos investimentos e têm retornos muito significativos.

Que recomendações você daria aos agricultores que querem começar a incorporar inteligência artificial em seus processos, mas não sabem por onde começar?

Meu conselho é que você tenha muita clareza sobre o problema que deseja resolver: seja a seleção de variedades, o controle de pragas, o mercado, a irrigação ou as técnicas de colheita. Hoje, existem muitas ferramentas de baixo custo, até mesmo gratuitas, que podem ser usadas com resultados significativos.

CONECTIVIDADE E POLÍTICAS PÚBLICAS

Um problema fundamental na lacuna de acesso à IA para pequenos e médios agricultores tem sido a falta de conectividade. Qual é essa situação atualmente?

Cinco ou seis anos atrás, a conectividade era um grande problema. Hoje, deu um salto gigantesco. Sensores de baixo custo já estão sendo usados ​​em campo, transmitindo dados para antenas locais, também de baixo custo. Já estamos vendo isso na Espanha e também no Chile. E se pequenos e médios agricultores unirem forças, os custos caem ainda mais.

EUROPA E AMÉRICA LATINA

Existem estatísticas sobre o nível de adoção de IA na agricultura na Europa?

Sim. Na Espanha, o Ministério da Ciência e Tecnologia possui uma plataforma para medir a “maturidade digital” das empresas. Na União Europeia, existe um observatório de progresso que avalia o avanço da inteligência artificial.

Na Europa, em vez de diferenças entre países em termos de acesso à IA e à tecnologia, o importante é que, dentro da União Europeia (UE), compartilhamos regulamentações, programas de inovação e acesso a tecnologias. Isso cria um grau significativo de homogeneidade.

Nesse sentido, na América Latina não temos uma entidade que represente a região de forma integrada como um bloco.

Na América Latina, não existe um organismo supranacional como a UE. O Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), com sede em San José, Costa Rica, está trabalhando em uma estratégia regional para inteligência artificial aplicada à agricultura, que considero um dos melhores esforços em andamento.

Se olharmos para os EUA, a liderança está nas mãos de grandes empresas de tecnologia como Google e Microsoft. Na China, por outro lado, é o Estado que impulsiona os investimentos, com investimentos enormes. Existem dois modelos distintos: um privado e comercial; o outro público e estratégico.

A FIA E O DESAFIO DA COLABORAÇÃO

Como você vê o papel da FIA no Chile?

A existência de uma agência de inovação específica dentro do Ministério da Agricultura é um passo gigantesco. A FIA firmou alianças com o INDAP e o CORFO, essenciais para pequenos agricultores, e promoveu programas cooperativos.

O que sinto falta é de uma parceria mais forte e permanente com as universidades. Estamos na era das parcerias, e a FIA deveria fortalecer seu papel colaborativo tanto no Chile quanto internacionalmente.

RISCOS E DESAFIOS DA IA NA AGRICULTURA

Quais são os riscos da IA ​​na agricultura?

Existem várias. Uma delas é o mau uso da tecnologia: precisamos de regulamentações claras. Outra é a lacuna cultural: se os agricultores ignorarem a situação, a lacuna será enorme, pois a IA está avançando muito rapidamente.

Também se fala muito sobre o consumo de água e energia dos data centers. Sim, a IA exige muitos recursos, mas modelos mais eficientes, com menor impacto ambiental e microchips que consomem menos estão sendo desenvolvidos.

É uma questão que precisa ser monitorada, mas não deve ser simplificada demais. Tudo depende da tecnologia, da localização dos centros e de como são gerenciados.

Fonte: fia.cl

Fique por dentro das nossas notícias