15/08/2025
O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva lançou o Plano Brasil Soberano no dia 13 de agosto, um conjunto inicial de medidas para mitigar os impactos econômicos do aumento unilateral, de até 50%, nas tarifas de importação de produtos brasileiros, anunciado pelo governo dos EUA em 30 de julho.
O plano está estruturado em três pilares: fortalecimento do setor produtivo; proteção dos trabalhadores; e diplomacia comercial e multilateralismo. As medidas buscam proteger os exportadores brasileiros, preservar empregos, incentivar investimentos em setores estratégicos e garantir o desenvolvimento contínuo da atividade econômica do país.
Serão destinados R$ 30 bilhões do Fundo de Garantia por Exportações (FGE) para empréstimos acessíveis, o financiamento à exportação será ampliado, a suspensão de impostos para empresas exportadoras será prorrogada, o percentual de restituição de impostos federais será aumentado por meio do Programa Reintegra e a compra de alimentos por órgãos públicos será facilitada.
Reação do setor frutícola
A Associação Brasileira de Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) destacou que, embora as iniciativas sejam positivas, o conjunto de ações apresentadas ainda não contempla integralmente a realidade da cadeia produtiva de frutas.
“Pequenos produtores que comercializam sua produção para empresas exportadoras correm o risco de ficar para trás neste plano de contingência, já que os instrumentos anunciados priorizam diretamente os exportadores diretos”, alertou a entidade.
“Sem medidas que cheguem efetivamente à base produtiva, há risco de queda nas compras e prejuízo à renda e à permanência desses produtores no campo”, acrescentou.
A Abrafrutas reafirmou que continuará atuando de forma firme e proativa ao lado do Governo Federal e do Congresso Nacional para garantir que, além das medidas emergenciais de crédito e incentivo, os esforços diplomáticos sejam intensificados para alcançar a retirada definitiva do imposto sobre frutas brasileiras.
O objetivo é que as soluções cheguem a todos os níveis do setor, dos pequenos aos grandes produtores, e que o Brasil mantenha sua posição de destaque como fornecedor de frutas frescas de qualidade para o mundo.
Entre as frutas que o Brasil exporta para os Estados Unidos estão uvas de mesa e mangas. O país também fornece suco de laranja, produto isento da tarifa de 50%.
Suco de laranja: excluído, mas ainda com repercussões
Embora o Brasil tenha conseguido excluir esse produto do plano tarifário dos EUA, a Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR) informou que o setor estima perdas de 2,9 bilhões de reais (aproximadamente US$ 538 milhões).
Em comunicado, a CitrusBR indicou que os prejuízos se devem à inviabilidade econômica da exportação de subprodutos da cadeia cítrica, como insumos para as indústrias de bebidas e cosméticos, que estão sujeitos a um imposto de 50%. Na última safra, esses subprodutos geraram uma receita de US$ 177,8 milhões, indicando que os Estados Unidos são o principal comprador do suco de laranja brasileiro.
“Muitos desses produtos dependem de ingredientes como cascas cítricas (os gomos da laranja) e óleos essenciais responsáveis pelo aroma, e esses ingredientes têm um acréscimo de 50%, inviabilizando a operação”, disse Ibiapaba Netto, diretor executivo da CitrusBR.
Somam-se a essas perdas o impacto esperado da tarifa de 10% ainda em vigor sobre o suco de laranja, o que representa um prejuízo adicional estimado em US$ 103,6 milhões, segundo dados do Ministério do Comércio Exterior do governo federal.
Nos Estados Unidos, cerca de 58% do consumo de suco é suco reconstituído, um concentrado com 66% de sólidos que, após a importação, é diluído em água para atingir sua proporção natural de 12%, explicou a organização.
Os óleos essenciais também são ingredientes importantes para a indústria cosmética, pois fornecem notas cítricas aos perfumes.
“Poderia ter um impacto muito significativo nesses setores. Embora o setor esteja aliviado por ter sido incluído na lista de isenções, os impactos são significativos, especialmente em um contexto de mercado desafiador como o deste ano”, reiterou Netto.
Fonte: https://www.portalfruticola.com/noticias/2025/08/15/plan-brasil-aranceles/




