29/07/2025
A indústria exportadora de frutas do Brasil está sofrendo com a decisão dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 50% sobre determinados produtos agrícolas brasileiros. Mangas, frutas cítricas e uvas, que representam 90% dos embarques de frutas do Brasil para os EUA, devem ser as mais afetadas, e o momento não poderia ser pior: a nova tarifa entrará em vigor em 1º de agosto, justamente quando a safra de manga do Brasil atinge o pico.
“Isso não poderia ter vindo em pior hora”, diz Luiz Roberto Barcelos, diretor institucional da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas (Abrafrutas) . “Tudo estava pronto para a colheita, espaço reservado no navio, embalagens compradas, protocolos seguidos, tudo alinhado para o início da temporada.”
Agora, aproximadamente 70.000 toneladas de mangas destinadas ao mercado americano precisam ser redirecionadas para a Europa ou para o mercado interno, ambos já saturados e com pouca probabilidade de absorver um volume maior. Esse redirecionamento levanta sérias preocupações sobre excesso de oferta e quedas acentuadas de preços . Alguns produtores estão considerando deixar as frutas apodrecerem nas árvores, diz Barcelos, já que os custos de colheita e logística podem exceder qualquer retorno potencial.
A incerteza sobre quanto tempo a tarifa permanecerá em vigor também está desencorajando os produtores de investir em temporadas futuras: “Com um imposto de 50%, a fruta brasileira fica praticamente inviável para comercialização nos EUA”, acrescentou.
A lista de vítimas do comércio continua a crescer
As uvas do Vale do São Francisco começam a ser colhidas em meados de novembro e provavelmente serão a próxima categoria de exportação a ser duramente atingida pela tarifa americana. Até mesmo os abacates, que estavam prestes a entrar no mercado americano, foram pegos no fogo cruzado, e agora as negociações estão paralisadas em meio ao aumento das tensões comerciais.
Sem um mercado de contingência de tamanho comparável, os líderes do setor apelam urgentemente por uma intervenção diplomática. “Esperamos que o diálogo supere qualquer atrito comercial e que haja uma revisão e revogação dessa possível implementação tarifária”, disse Valeska Oleiveira Ciré, gerente da Associação Internacional de Produtos Frescos no Brasil. “Estamos buscando o diálogo e trabalhando para informar ambos os governos sobre as implicações dessa decisão. Por outro lado, os consumidores americanos também esperam continuar comprando mangas a preços competitivos.”
Enquanto o setor prende a respiração, os riscos continuam altos para os produtores brasileiros e os mercados globais de frutas, que podem em breve enfrentar as consequências de volumes redirecionados, preços voláteis e fluxos comerciais interrompidos.


Fonte: “The worst time”: U.S. tariffs on Brazil threaten exporters