18/07/2025
Depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou que planeja impor uma tarifa de 50% sobre todas as importações brasileiras, o governo do país organizou uma série de reuniões com diferentes setores de commodities para definir estratégias de negociação.
A temporada de manga e uva de mesa está se aproximando no país, e autoridades do setor dizem que o aumento de tarifas representa um grande risco para os produtores.
Guilherme Coelho, presidente da Associação Brasileira dos Exportadores de Frutas (Abrafrutas), disse que o país deve “exportar cerca de 3.000 contêineres de manga nesta próxima safra”, mas agora “os produtores estão se sentindo inseguros e temerosos, pois já fizeram os preparativos para exportar para os Estados Unidos”.
Ele explicou que os produtores já fizeram acordos para exportar para os Estados Unidos e “é impossível redirecionar essa produção para a Europa ou para o mercado interno, pois isso poderia causar o colapso de ambos os mercados”, alertou Coelho.
Segundo a Abrafrutas, os Estados Unidos representaram 7% do total das exportações brasileiras de frutas em 2024, o que representou 12% da receita total de exportação de frutas do ano. No ano passado, o mercado americano importou 14% do volume de manga exportado pelo país, o que representou 13% da receita total de frutas.
Coelho disse que taxar alimentos não é justo nem razoável e “causará enormes perdas para ambos os países”.
“Os americanos podem enfrentar escassez de alimentos, inflação de preços e até desemprego, já que sua indústria compra matéria-prima brasileira para processamento”, acrescentou. “As perdas no Brasil também serão significativas; nossos produtores não terão um mercado consumidor para absorver sua produção e serão forçados a demitir funcionários. Estamos falando de milhares de famílias que podem ficar sem renda ou sem comida na mesa.”
Guilherme Coelho e Jailson Lira, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Petrolina (SPR), demonstraram crescente preocupação com as colheitas de manga e uva de mesa deste ano, que começam no final de julho e início de agosto, respectivamente.
Uma alternativa dada por ambos os representantes é adiar a tarifa de importação por seis meses e isentar certos produtos da sobretaxa, especialmente uvas de mesa e mangas, para proteger os produtores de perdas catastróficas nesta temporada.
Coelho também manifestou discordância com a sugestão feita pelo Ministério da Agricultura de priorizar os mercados japonês e sul-coreano para mangas e o mercado chinês para uvas.
“O mercado sul-coreano representa apenas 1,22% do tamanho do mercado americano para nós, e a China é um mercado que estamos apenas começando a entender. Ele carece de logística específica e ainda não é acessível para nós. Portanto, somos muito céticos em relação a essas duas possibilidades”, explicaram.
Ao final da reunião, os líderes da Abrafrutas e do Sindicato dos Produtores Rurais de Petrolina pediram mais diálogo para resolver o impasse. “Precisamos dialogar. Há muito em jogo — os investimentos que os produtores fizeram até agora, praticamente às vésperas da colheita, e o emprego na região, que também está ameaçado”, disse Coelho.