10/07/2025
O setor da agricultura vertical está entrando em uma fase crítica. Antes considerado um nicho de alta tecnologia com escalabilidade limitada, agora está evoluindo constantemente para um componente prático de sistemas alimentares sustentáveis e um contribuinte para a resiliência climática global.
A Cúpula AVF deste ano, que acontecerá em Munique nos dias 3 e 4 de setembro, reflete essa mudança. Organizado pela Associação para Agricultura Vertical (AVF) em parceria com a Messe Dortmund, o evento reúne stakeholders globais para explorar como o setor pode enfrentar desafios persistentes e, ao mesmo tempo, ampliar seu impacto.
“Estamos em um momento particularmente crítico para posicionar a agricultura vertical como um catalisador para a ação climática. 2025 é um ponto de convergência de tecnologia, política e meio ambiente que torna a agricultura vertical não apenas uma inovação promissora, mas uma solução climática urgente cuja hora chegou”, afirma a associação, refletindo as opiniões de sua liderança, incluindo a presidente Christine Zimmermann-Loessl e o vice-presidente Marc Juarez.
Do experimental ao fundamental
O papel do setor não se limita mais à experimentação. “A agricultura vertical está evoluindo rapidamente de uma inovação de nicho para um pilar estratégico no panorama mais amplo da agricultura sustentável. Ela evoluiu para um componente fundamental de um sistema alimentar global mais diversificado, adaptável e alinhado ao clima.”
Essa mudança está ocorrendo em um contexto de aumento das temperaturas, interrupções contínuas nas cadeias de suprimentos globais, urbanização e redução das terras aráveis. “Um abacaxi cultivado no Brasil, embalado na Indonésia e enviado para a Europa ou os EUA pode viajar mais de 10.000 km”, observa a AVF, destacando as ineficiências e vulnerabilidades da logística alimentar atual. Como resposta, a agricultura vertical permite uma produção descentralizada e resiliente localmente, e está cada vez mais alinhada a metas globais mais amplas, como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.
Enfrentando as duras realidades
A agricultura vertical continua enfrentando desafios importantes em relação ao uso de energia, escalabilidade e viabilidade comercial. “Os custos de energia são sempre o desafio que enfrentamos em todas as Cúpulas, e ainda é uma questão sem solução”, afirma a AVF. “Em cada evento, continuamos a debater e buscar as próximas respostas para mais sustentabilidade.”
O setor também está migrando para modelos de negócios mais sólidos. “Há menos entusiasmo e é uma grande oportunidade para as empresas se desenvolverem nesta era, pois estão crescendo com um caso comercial validado. Na Cúpula do ano passado, houve muitas conversas envolvendo abordagens realistas, baseadas em condições locais e com criação de valor claramente identificada.”
Baviera como aceleradora regional
A localização da Cúpula na Baviera ressalta a importância de conectar a inovação internacional com a expertise local. “A Alemanha, e especialmente a Baviera, está em uma posição única para desempenhar um papel global de liderança na construção do futuro da agricultura vertical”, afirma a AVF. “A região combina força tecnológica, patrimônio agrícola e um forte compromisso com a sustentabilidade e a segurança alimentar.”
A organização destaca o ecossistema de excelência técnica da Baviera em tecnologia de sensores (como a Infineon), automação (Siemens, KUKA) e sistemas de controle climático (Osram) como fatores que viabilizam o crescimento da agricultura vertical. “A engenharia da Baviera pode impulsionar sistemas mais eficientes em termos de energia, escaláveis e integrados à IA para a produção agrícola.”
Ao mesmo tempo, a expertise regional garante que a inovação esteja enraizada nas condições e políticas locais. “As regiões trabalham sob diferentes estruturas locais e governamentais, prioridades acordadas, legislação e disponibilidade de financiamento”, afirma a AVF. “Sinergias são necessárias em nível global e regional para beneficiar tanto o sistema alimentar local quanto o global.”
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