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Clipping de noticias nacionais e internacionais do setor de flores, frutas, legumes e verduras.

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Condições ruins das estradas pressionam preços dos alimentos in natura nas Ceasas

23/05/2025

As rodovias brasileiras que escoam a produção de frutas e hortaliças precisam de investimentos. Segundo o relatório do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE, só as frutas geraram R$76,1 bilhões em valor de produção em 2023, que precisam ser transportadas dos perímetros de produção até os centros de consumo.

Segundo Pesquisa CNT de Rodovias 2024, o Brasil conta com 1,5 milhão de quilômetros de estradas, com apenas 12,4% desse total pavimentado. Em torno de 78,5% não conta com nenhum tipo de pavimentação e 9,1% estão em fase de planejamento. Estradas ruins e precárias dificultam a vida de todos, impondo custos econômicos e sociais enormes, sem contar com o risco à saúde das pessoas que nelas trafegam.

Com referência à produção e escoamento dos itens produzidos no campo, importa salientar que estamos falando de frutas e hortaliças. Lembramos que essas variedades têm especificidades bem características, onde o frescor e a qualidade dependem muito da forma e rapidez com que estão sendo transportadas até o ambiente de comercialização, seja aos atacadistas, que consolidam e organizam a distribuição, seja aos varejistas, que cuidam da organização das vendas aos consumidores finais.

Com relação ao primeiro caso, dentre os atacadistas de frutas e hortaliças, destacam-se, como destino preferencial, as Centrais de Abastecimento de Hortigranjeiros (CEASAS). Conforme a publicação da Conab, no âmbito do Programa Brasileiro de Modernização do Mercado Hortigranjeiro – Prohort, o Relatório Siscom/2024 aponta que a comercialização consolidada desses gêneros alimentícios em entrepostos públicos em 2024 chegou a 17 milhões de toneladas.

É importante considerar que estamos comparando duas ordens de grandezas diferentes: a produção total de um lado e, de outro, o total de comercialização dessa produção. Ou seja, se consideramos ainda as perdas ocorridas na pós-produção e colheita, armazenagem, tratos de pós-colheita e transporte, esse percentual aumenta, gerando um grau de participação que denominamos de percentual efetivo de influência, que podem ter um valor ainda maior de participação, chegando até 30% de “market share”.

A modernização, ampliação e a pavimentação das estradas, são cruciais para garantir um escoamento eficiente de produtos advindos do campo, reduzindo custos, atrasos e melhorando a competitividade dos produtores no mercado.

Como salientado, os preços desses itens dependem muito da forma como são transportados. Atualmente estamos vivendo uma inflação dos alimentos e, quase que invariavelmente, dentre os itens selecionados como causadores e puxadores de índices para cima, estão os alimentos in natura, entre eles as nossas frutas e hortaliças que aparecem com recorrência nas listas de preços aumentados mensalmente e relacionados ao custo de vida dos brasileiros.

O presente artigo levanta a importância da elevação dos custos de produtos produzidos provocados pelas questões logísticas, em especial em relação ao transporte rodoviário. Uma variável muito importante nesse contexto é dar destaque as dificuldades de abastecimento interno, de como e onde estão as dificuldades enfrentadas por nossos agricultores de pequeno porte e os da agricultura familiar? Tem-se notado grande ênfase do transporte de produtos direcionados às nossas exportações, notadamente voltados para nossa competividade com outros países. Em pauta aqui os produtos com padrão internacional, comumente chamados do “commodities agrícolas”. Até um termo já bem conhecido foi proposto para denominar essas dificuldades: “custo Brasil”.

Enquanto os preços dos alimentos consumidos frescos pelos brasileiros aumentam e impactam o orçamento, em especial dos que têm menor renda, o Brasil está reforçando sua infraestrutura de transportes para consolidar seu papel como um dos principais fornecedores de alimentos do mundo.

O melhoramento de nossa infraestrutura para alcançar outros países é de importância fundamental, com enormes benefícios. Porém, devemos analisar também uma proposta para o desenvolvimento de projeto aplicado à agricultura familiar e de pequeno porte. Reavaliar e ponderar as perspectivas e o prisma do abastecimento de nossas próprias populações, vislumbrando os territórios produtivos e seus perímetros de atendimento.

Para compreensão, devemos saber que nossas rodovias são estratificadas em rodovias federais, estaduais, municipais e vicinais. As primeiras, as federais, interessam diretamente à nação, quase sempre percorrendo mais de um estado. São construídas e mantidas pelo governo federal; as estaduais, ligam as cidades entre si e a capital do estado, consideram as necessidades da unidade da federação que foi construída e que arcam com sua construção e manutenção; as municipais, também construídas e mantidas pelo próprio município ou conjunto de municípios circunvizinhos, ligam bairros e regiões dentro de cada município; e as vicinais, que são municipais, às vezes são privadas, muito pouco pavimentadas, tem perfil modesto, com uma só pista e atendem, fundamentalmente, ao setor primário e a agricultura. De forma geral, a malha rodoviária federal possui 75,8 mil km, a estadual, será de 236.663 km e a municipal, a maior, tem em torno de 238.191 km. (Portal gov.br: https://www.gov.br).

Estabelecida a compreensão do quadro de rodovias, facilmente podemos depreender que, retiradas algumas rodovias, especialmente as federais, sobram, outras tantas com inúmeros problemas para o tráfego de veículos. De outro lado, também sabemos que os perímetros produtivos, todos eles, os grandes ou os pequenos, se localizam e enviam suas cargas a partir dos municípios. Algumas cargas com direção aos portos e aeroportos e outras tantas, aos nossos ambientes de comercialização interna, como as Ceasas, supermercados, feiras e outros equipamentos. É disso que estamos falando, o caminho dos alimentos para o abastecimento interno também carece de atenção e apoio.

Favorecer os chamados “circuitos curtos de comercialização” é uma premente necessidade, favorece muito o preço justo e qualidade dos produtos ofertados à nossa população. Como salientado, grande parte da produção aqui aventada é constituída por frutas e hortaliças, essenciais à alimentação saudável e a segurança alimentar e nutricional de nosso povo. A constituição de um amplo grupo de estudos e análises dessa situação poderia muito contribuir, onde as Centrais de Abastecimento do país,  juntamente com a Conab, poderiam exercer a centralidade da abordagem, que,  considerando outros órgãos federais, estaduais e municipais, ligados às temáticas aqui aventadas, incluindo a representação do produtores rurais, especialmente os da agricultura familiar e de pequeno porte, completariam um quadro de ajuda mútua e trazer soluções já há muito atrasadas e esperadas.

Fonte: Conab/Prohort

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