15/05/2025
Na safra cítrica de 2025, a Argentina produzirá variedades tradicionais como Salustiana, Navel, Midknight e Valencia. Também realizará testes com laranjas sanguíneas para diversificar sua oferta. O setor, no entanto, enfrenta desafios muito antes da fruta chegar ao mercado. Altos custos internos, infraestrutura limitada e um sistema logístico global sobrecarregado afetam diretamente os produtores. “Cada hora perdida gera custos extras que são repassados aos produtores, o que os impede de investir em suas lavouras”, afirmou Nahuel Lavino, representante da FAMA.

O país possui condições naturais favoráveis e experiência em exportação – a FAMA envia frutas para o mundo há mais de 42 anos –, mas isso é insuficiente para manter a competitividade diante de gigantes como África do Sul ou Egito. “A Argentina não movimenta nem 1% do volume que esses dois países movimentam”, reconheceu Lavino.
O principal gargalo é a logística. Como a Argentina está no final da rota marítima, as companhias marítimas frequentemente a deixam de fora de seus itinerários devido ao seu baixo volume. “As companhias marítimas acabam pulando o país ou não oferecem alternativas para a fruta”, afirmou. O setor está promovendo uma estratégia coletiva para negociar em bloco com as companhias marítimas, uma medida que pode melhorar a frequência e a previsibilidade dos embarques.
Além disso, barreiras fitossanitárias e tarifas limitam o acesso a mercados importantes, como Estados Unidos e Europa. Como resultado, a Argentina não consegue enviar seus cítricos doces para muitos mercados, afirmou Lavino.
“No entanto, a escassez global de laranjas, principalmente devido à baixa produção nos Estados Unidos e no Brasil, abriu uma janela de oportunidade. Isso aumentou a demanda por frutas frescas, principalmente por variedades precoces, justamente quando a Argentina inicia sua safra. A demanda em geral é muito boa”, afirmou Lavino. No entanto, ele esclareceu que os exportadores podem não conseguir aproveitar essa situação devido aos obstáculos mencionados.
Diante desse cenário, o foco está em resistir, adaptar-se e encontrar nichos onde o produto argentino possa se destacar por sua qualidade e consistência. “Sempre há um pequeno nicho que podemos almejar”, afirmou Lavino, ressaltando que a disputa pelo mercado não envolve apenas volume, mas também inteligência estratégica.
Fonte: https://www.freshplaza.com/latin-america/article/9732122/low-production-in-the-u-s-and-brazil-boosts-demand-for-early-argentine-oranges/