07/05/2023
A produção brasileira de pitaya, com consumo principalmente doméstico e exportações limitadas para o Canadá, está crescendo para atender à crescente demanda local antes de finalmente alcançar mais mercados no exterior. A safra local termina em maio com 30% a mais de produção em relação à passada.
Ricardo Martins, agrônomo da Epagri diz: “Estimamos em torno de 3.000 ha de pitaya no Brasil, com produção mais concentrada no sul do Brasil. Uma pequena fatia da produção está sendo exportada principalmente para o Canadá. A temporada começa em dezembro e termina em maio. A produção foi 30% maior do que no ano passado no sul do Brasil, em torno de 3.000 toneladas.”
A Epagri é uma empresa estatal que faz parte da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural do Sul do Brasil. Martins é um especialista em cultivo de pitaya responsável por supervisionar e fornecer assistência técnica aos produtores de pitaya no sul do Brasil, auxiliando mais de 150 pomares na região. Seu campo de trabalho é agricultura sustentável, manejo de solo tropical, controle biológico e agricultura ecológica/orgânica.
O cultivo comercial da pitaya em Santa Catarina teve início em 2010 com a família Feltrin, de Turvo/SC. O objetivo principal era repor as áreas de fumicultura e diversificar as atividades da pequena propriedade rural, agregando renda e qualidade de vida ao agricultor, diz Martins.
“Nossa produção é bem organizada em cooperativas, onde destinamos a maior parte da produção para consumo local, temos como desafio a organização do pequeno produtor, a busca por mercados de exportação e a popularização da fruta no país, já que é ainda uma fruta exótica. Mais de 500 famílias trabalham na atividade. A maioria deles são pequenos agricultores com vendas comerciais no mercado interno. Os pomares do sul do Brasil são manejados sob um modelo sustentável com o uso de amendoim pinto (arachis pintoi) como cobertura permanente do solo. Utilizamos várias estratégias da agricultura ecológica como adubação orgânica, uso de tricoderma, controle biológico de pragas e doenças e com uso mínimo de agrotóxicos”, explica Martins.
Eles também trabalham no desenvolvimento de novas variedades de pitaya adequadas às condições locais, diz Martins. “A empresa desenvolveu novas variedades, que não exigem mão de obra para a polinização. Isso inclui principalmente carne branca e variedades de pele vermelha. Talvez possamos vender essas novas variedades para outros países, mas no momento só está disponível no Brasil. Também temos uma boa colaboração com a Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – para o desenvolvimento de novas variedades de pitaya”, diz Martins.
A Epagri lançou no ano passado um livro sobre o cultivo da pitaia, que contém as principais informações técnicas sobre a cultura. “Divulgamos materiais técnicos para a produção de pomares de pitaya. Nosso trabalho é voltado para agricultores familiares no estado de Santa Catarina, no sul do Brasil. Temos parcerias colaborativas de pesquisa e extensão com outros países da América do Sul. No Brasil e na América do Sul ainda é uma safra nova, com exceção do Equador, que é o maior produtor e exportador de pitaia da América do Sul, onde já cultivam pitaya há muito tempo”, afirma Martins.
Enquanto eles continuam ensinando e trabalhando para melhorar o cultivo de pitaya pelos pequenos produtores, Martins acredita que eles crescerão para alcançar muitos outros mercados de exportação nos próximos cinco anos. “Planejamos expandir a produção no sul do Brasil com mais de 500 ha nos próximos anos. Para o país a expectativa também é que a produção seja maior nos próximos anos, para mais de 5.000 ha com certeza”, diz um esperançoso Martins.